A história de Presidente Epitácio teve origem na necessidade, no início do século XX, da construção de uma estrada de rodagem que ligasse o trecho compreendido entre o "sertão desconhecido" e desabitado desta parte do Estado de S. Paulo, com o sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul).
Francisco Tibiriçá sabia que a Estrada de Ferro vinha sendo construída lentamente. O próprio governo do Estado de São Paulo também sabia que só poderia utilizá-la, em um prazo longo. As bacias dos rios Feio, Peixe, Santo Anastácio, Paraná e Paranapanema, ainda figuravam nos mapas como zona desconhecida e desabitada. Porém com o avanço das frentes pioneiras, as tribos daquela região haviam reduzido suas forças, exceção apenas quanto aos Coroados. Os Caiuás haviam retrocedido, representando um risco menor. Francisco Tibiriçá, que recebera a concessão definitiva para construir a Estrada Boiadeira, obteve na mesma ocasião autorização do governo do Mato Grosso para abertura da estrada naquele território, em prosseguimento programado para o lado paulista, a seguir assumindo a direção da empreitada. O destino da estrada seria a região de Vacaria, no Mato Grosso.
Como até 1880 a maioria das terras entre as barrancas dos rios do Peixe e Paranapanema continuava inexplorada, conforme se constata em trabalho de Waldery Santos3, o governo de São Paulo, contratou Teodoro Sampaio para percorrer e descrever essa região. Em 1886, este iniciou o levantamento de toda a bacia do Paranapanema até sua foz no rio Paraná. Mesmo assim, a maioria das terras entre as barrancas dos rios do Peixe, Paranapanema e Paraná, permanecia inexplorada, e o governo paulista se propôs a explorá-la.
Em 1890 o engenheiro José Alves de Lima é incumbido de abrir uma estrada entre o ribeirão São Matheus, região de Campos Novos, até o rio Paraná, para posteriormente chegar-se a Mato Grosso. Entretanto, devido a estrada localizar-se próxima das cabeceiras do rio Feio, desistiu-se do projeto.
Nova tentativa se dá em 1892 com a contratação, pelo Serviço Geográfico e Geológico, do engenheiro Olavo Hummel para concluir o itinerário. Em 1893 ele constrói um caminho entre o povoado de São Matheus, no município de Campos Novos do Paranapanema, pelo Vale do rio Santo Anastácio, até as margens do rio Paraná. Esta estrada, feita apenas para fins estratégicos, em pouco tempo é reabsorvida pela mata. Nesse mesmo ano a empreitada é abandonada por Hummel.
Com o governador paulista Jorge Tibiriçá, em 1904 a região volta a ter atenção sobre ela. O governador procurou seu primo, o médico Francisco Tibiriçá e ofereceu-lhe a administração do projeto. Este, embora tivesse consultório na capital, aceitou a missão.
Francisco Tibiriçá procurou o engenheiro Otto Maoser, seu amigo, a quem propôs dirigir os serviços técnicos da obra, que de imediato aceitou. Contudo, pouco depois, Otto apareceu morto numa rua de Campos Novos Paulista.
Francisco Tibiriçá sabia que a Estrada de Ferro vinha sendo construída lentamente. O próprio governo do Estado de São Paulo também sabia que só poderia utilizá-la, em um prazo longo. As bacias dos rios Feio, Peixe, Santo Anastácio, Paraná e Paranapanema, ainda figuravam nos mapas como zona desconhecida e desabitada. Porém com o avanço das frentes pioneiras, as tribos daquela região haviam reduzido suas forças, exceção apenas quanto aos Coroados. Os Caiuás haviam retrocedido, representando um risco menor.
Francisco Tibiriçá, que recebera a concessão definitiva para construir a Estrada Boiadeira, obteve na mesma ocasião autorização do governo do Mato Grosso para abertura da estrada naquele território, em prosseguimento programado para o lado paulista, a seguir assumindo a direção da empreitada. O destino da estrada seria a região de Vacaria, no Mato Grosso.
Tibiriçá procurou um sócio e encontrou-o na pessoa do Coronel Arthur de Aguiar Diederichsen, rico proprietário de fazendas de criação de gado e de lavouras de café na região de Ribeirão Preto. A união de Francisco Tibiriçá e Arthur de Aguiar Diederichsen resultou na empresa Diederichsen & Tibiriçá, onde o primeiro administraria os serviços da estrada no lado de São Paulo e o segundo no lado do Mato Grosso.
No lado mato-grossense as obras foram iniciadas de imediato. Já no lado paulista só mais tarde teve início com os trabalhos de Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker, conhecido como Capitão Francisco Whitaker, que já dirigia os negócios do Coronel Diederichsen em Ribeirão Preto. Whitaker juntou-se aos dois e, em seguida, sugeriu e obteve autorização para contratar um auxiliar, o Coronel Francisco Sanches de Figueiredo. Após o início dado por Arthur de Aguiar Diederichsen, Figueiredo passou a orientar, em março de 1906, a construção da Estrada Boiadeira no lado de São Paulo.
Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker, contratado para a empreitada, primeiro veio pelo rio Santo Anastácio até o rio Paraná para escolher o local mais apropriado às instalações de um porto, que seria denominado Porto Tibiriçá. Achando o local, voltou para Ribeirão Preto, de onde era, a fim de reunir o necessário para o início efetivo das obras. Lá, o "Capitão Chicuita" (como era também chamado o Capitão Francisco Whitaker) foi informado que era o novo encarregado da substituição de Francisco Tibiriçá na obra. Com uma flotilha de cinco grandes barcaças e uma lancha de ferro largou o porto Laranja Azeda, em Ibitinga, descendo o Tietê rumo à sua empreitada.
O próprio Capitão Francisco Whitaker nos relata como se deu a fundação de Presidente Epitácio:
"No dia primeiro de janeiro de 1907, ao meio dia, depois de trinta e um dias de penosa navegação, a flotilha estava ancorada no Porto Tibiriçá. Era o termo de nossa viagem. A primeira etapa estava vencida".
Ali e naquele momento, estava sendo plantada a semente da atual Estância Turística de Presidente Epitácio.
Como se sabe, as dificuldades iniciais não foram pequenas, principalmente considerando-se que por aqui habitavam as tribos dos índios Coroados, Caiuás e Xavantes. Estas tribos eram temidas até mesmo pelos intrépidos carreiros e tropeiros da época que, por causa desses silvícolas, recusavam-se a passar por esta região.
Muitos trabalhadores foram mortos pelos índios, pelos bichos selvagens e pelas doenças, comuns na frente de desbravamento. As adversidades não foram suficientes para impedir a marcha daqueles homens audazes, que a todo custo queriam domar o imenso sertão. A Estrada Boiadeira foi concluída, o Porto Tibiriçá, homenagem ao governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá, ficou pronto em 1908. A ingente batalha tinha sido finalmente vencida pelo "ÚLTIMO BANDEIRANTE".
Naquele mesmo ano, a empresa Diederichsen & Tibiriçá (fundada por Francisco Tibiriçá e o Coronel Arthur de Aguiar Diederichsen) passou a chamar-se Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso.
Seus negócios se expandiram: compra de gado no Mato Grosso e venda aos criadores do Estado de São Paulo, transporte pela Boiadeira, onde se pagava pedágio pelo seu uso, travessia em balsa pelo rio Paraná, além do uso de pousos e pastos. Porto Tibiriçá ganhou forte impulso. Ao seu redor, nasceu um patrimônio, batizado de Vila Tibiriçá.
Dados do fundador:
Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker, o Capitão Francisco Whitaker, nasceu na fazenda Paraíso, em Limeira/SP, em 10 de março de 1864. Era filho de Frederico Ernesto de Aguiar Whitaker e Maria Amélia de Araujo Lima Whitaker. Seus avós paternos eram Guilherme (Willian) Whitaker e Ângela da Costa Aguiar Whitaker.
Em 28 de outubro de 1893 Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker é nomeado, para o posto de Capitão do Esquadrão do 64º Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional da Comarca de Ribeirão Preto, através da Carta Patente emitida pelo Palácio da Presidência no Rio de Janeiro, datada de 19 de abril de 1895, sétimo ano da República, assinada pelo então presidente, Prudente José de Morais Barros. Desde então passou a ser conhecido como Capitão Francisco Whitaker.
Em primeiro de janeiro de 1907 funda Porto Tibiriçá, povoação origem de Presidente Epitácio.
Sua fibra, entre muitos fatos, pode ser constatada pelo relato contido no livro de Edmur de Aguiar Whitaker a quem o afilhado do Capitão Francisco Whitaker, Antonio Esteves, transmitiu o seguinte episódio:
"Iniciados os trabalhos da expedição em terra, o pessoal que a compunha desanimou e quis forçar a volta. Francisco exortou-os a ficar, pois eram companheiros que escolhera com tanto cuidado e esperava não o decepcionassem. Como insistissem em seus propósitos, afastou-se e encostado numa figueira, armado, declarou que poderiam voltar, mas ele, Francisco, permaneceria; apenas lhes pedia que levassem uma carta ao chefe da empresa, solicitando que mandasse nova turma de "˜homens de verdade', para prosseguir na tarefa; ele continuaria sempre, ou pelo menos a sua "˜caveira' lá ficaria. Diante de tão decidida atitude, resolveram os homens ficar".
Voltando de Porto Tibiriçá, ao final de 1908, vai para Ribeirão Preto a fim do merecido repouso.
Logo depois, vai a São Paulo encontrar-se com o Cel. Diederichsen. Este mostra a necessidade de transformar Indiana de simples entreposto em grande centro distribuidor do gado de Mato Grosso. Para tanto o Capitão Francisco Whitaker é enviado àquele estado, percorrendo toda a parte sul do mesmo. De seus estudos resultou que a Empresa de Viação São Paulo Mato Grosso abriria outros ramos de atividade, além do negócio com gado.
Assim foi feito, primeiramente com a abertura de uma casa comercial em Porto Alegre/MT. Lá seria o centro da seção de Mato Grosso, onde canalizar-se-iam todos os negócios de gado. Depois de vencida mais essa etapa, o Capitão Francisco Whitaker retorna a São Paulo. Combina com o Cel. Diederichsen sua mudança para Indiana, a fim de controlar todas as seções da Empresa Viação São Paulo Mato Grosso. Permaneceu na empresa até 7 de setembro de 1922. Havendo anteriormente adquirido terras em nome próprio, funda em parte delas a fazenda Santa Maria, onde passou a residir daí em diante. Torna-se, próspero fazendeiro na região, sem deixar de ter um coração generoso, a muitos ajudando, tudo isso sem fazer alarde.
Capitão Francisco Whitaker ia periodicamente a São Paulo a negócios e a passeio, ocasião em que sempre adquiria novos livros, de preferência obras de interesse geral e política de todas as épocas, inclusive a contemporânea, para estar a par dos grandes problemas do espírito. Era fervoroso defensor da existência de Deus. Possuía facilidade de expressão, além de conversa agradável e amena, onde sua grande inteligência e elevada cultura claramente se entreviam.